Para Ti (Mia Couto)

 

Foi para ti

que desfolhei a chuva

para ti soltei o perfume da terra

toquei no nada

e para ti foi tudo


Para ti criei todas as palavras

e todas me faltaram

no minuto em que falhei

o sabor do sempre


Para ti dei voz

às minhas mãos

abri os gomos do tempo

assaltei o mundo

e pensei que tudo estava em nós

nesse doce engano

de tudo sermos donos

sem nada termos,

simplesmente porque era noite

e não dormíamos.

eu descia em teu peito

para me procurar

e antes que a escuridão

nos cingisse a cintura

ficávamos nos olhos,

vivendo de um só olhar

amando de uma só vida.


Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mia_Couto

caminhos de nuvens

 

Pura, sorriso nos olhos, luzes inocentes.

teu mundo, aventuras sem fim, dança d'alma.


desvenda sonhos, desafia limites, brilha no caminho.

semeia alegria, colhe memórias, sussurros do tempo.


nas asas do tempo, és eterna lembrança, laços que unem.

livre, abraça tua essência bela, amor inquebrantável.


_pedroperes

Paixão Vestida

 








Na fímbria do vestido azul, tu és,

Tecidos acariciam a pele,

Segredos ardentes.


Renda deslizando, leves toques,

Lábios roçando, calor crescente,

Desejo incontido.


No abraço celeste, almas se entregam,

Ritmo apaixonado, sinfonia do prazer,

Noite que arde.


_pedroperes

Amor de morte












Abraços na aurora, sonhos a dançar,

Imigrantes destemidos, além-mar a buscar,

Incêndio impiedoso, chamas a arder,

Unidos no fim, almas a se perder.


Laços que transcendem, história e nação,

No abraço eterno, a união encontra ação,

Nas cinzas, um símbolo, humanidade em pranto,

De imigrantes que, abraçados, vão além do encanto.


_pedroperes

Noite Profunda

 





 






Na fímbria do vestido azul, segredos insinuados,

Cintilam desejos ocultos, toques travessos,

Noite sussurra pecados.


Tecido revela curvas, misterioso convite,

Paixão no ar, ardente mistério,

Loucura na pele latejante.


Silêncio cúmplice, corpos se entrelaçam,

Na escuridão do desejo, sombras dançam,

Na fímbria da luxúria, almas despidas.


_pedroperes